Como eu disse ontem, tenho uma série de posts atrasados, coisas bacanas que eu queria mostrar para vocês... então este post é duplo.
Primeiramente gostaria de compartilhar com vocês a última Revista Festa e Cia de SP, que em sua edição Nacional trás a nossa festa das Bonecas e Ursas na capa. Super orgulho pra nós, que de Vitória - ES conseguimos chamar a atenção em um dos Estados mais ricos em festas infantis de todo o Brasil.
Sim, para quem não sabe, Vitória possui 330.526 habitantes, mantendo a 25º posição em população/capitais brasileiras. Enquanto SP é a primeira, com 11.316.149 habitantes. Sem querer comparar alhos com bugalhos, me deixa imensamente feliz que uma revista de SP possa se interessar e admirar o nosso trabalho. Principalmente sabendo que alguns conterrâneos não nos dão todo este valor. Fazer o que? Casa de ferreiro, espeto de pau. Não é mesmo? Não dá para querer agradar todo mundo... mas eu bem que queria... ah queria :-)
A segunda coisa que eu queria falar (ou melhor, escrever) era sobre a escolha da profissão: "Decorador de Festa Infantil". Este assunto vem martelando na minha cabeça já há alguns anos pois recebo dezenas de e-mails sobre isso. São mulheres (em sua maioria esmagadora) que amam festas, decorações... e que sonham em um dia largar tudo e iniciar a carreira.
O último e-mail que recebi foi de uma amiga de MG e ao invés de respondê-la em PVT resolvi responder aqui no blog. Ela disse o seguinte:
Olá Mary (se é que posso te chamar assim rsrs),
Gosto muuuuuito do seu trabalho (acompanho através do blog) e a cada dia me apaixono mais por festas infantis. Quero abrir um negócio para mim de decoração de festa infantil, mas meu marido não gostou muito da ideia. Disse que não é viável, trabalha muito, ... e enfim não quer de forma alguma que eu trabalhe com isso. Gostaria se possível que me falasse um pouco sobre o trabalho... seus ônus e bônus.. se preferir posso te ligar (queria um feedback seu), pois já trabalha com isso há tanto tempo. E de coração, espero que me retorne, pois é de verdade que estou te pedindo um auxílio. Moro em XXXX-MG e até cheguei a fazer pesquisas com clientes, fornecedores, concorrentes... e também fui no SEBRAE, mas desisti da ideia quando fui falar com meu esposo. Mas acho que não posso desistir do meu sonho e nem da minha vida profissional. Vou muito em Guarapari (meu tio tem uma casa lá) e fui até Vila Velha , mas não fui em Vitória ainda (pois não conhecia seu blog), senão teria ido até sua loja para conhecer um pouco do seu trabalho e falar contigo pessoalmente. Mas não vai faltar oportunidade (espero eu!!!). Parabéns de verdade e que Deus continue te abençoando. Ahhh e espero seu contato... Bjo. XXXX – Uberlandia-MG
Não poderia deixar de escrever: li tudinho do vale a pena ver de novo e não deu pra dormir não rsrsrs, pelo contrário, motivou ainda mais abrir meu próprio negócio... Parabéns! Pelo que a gente lê no blog, dá para perceber que vc é apaixonada mesmo por festinhas infantis.... Muito bacana isso... Parabéns de novo!!!!
Bom, respondendo a sua pergunta, eu preciso voltar no tempo... bastante... Minha mãe começou fazendo as festas da minha irmã (1986), depois fez as festas dos filhos dos vizinhos do prédio, de amigos, parentes de amigos e por ai foi indo. Alugou um quartinho para guardar as coisas que ia amontoando em casa, passou para um cômodo maior e nesta época fazia tudo ela mesma e dentro do apartamento. Até o cachorro era colorido e meu pai ia para o trabalho cheio de purpurina. Eu acompanhava tudo de perto, ajudava aqui e ali e ia seguindo com os estudos. Em 1995 eu entrei pra faculdade de Biologia e no mesmo ano minha mãe com a ajuda financeira do meu pai abriu a primeira loja Sonho de Criança. Tudo "chiquemente" transportado em uma "Caravan cor de chocolate". Na faculdade eu fiz estágio no IBAMA, outro em uma empresa de consultoria, fui guia de Bird Watchers e até publiquei trabalhos científicos com aves (olha que coisa). E o mais importante que aconteceu na minha vida: conheci meu marido (e hoje sócio). Continuando... em 2000 eu me formei e logo em seguida tive uma grande decepção profissional. Me aborreci tanto que larguei tudo e fui ajudar os meus pais na loja, desta vez profissionalmente.
A partir daí, assumi a parte de atendimento e gerenciamento enquanto mamãe e papai ficaram na parte de produção das festas. Contei com a ajuda da minha irmã (hoje sócia e super fera) e tocamos outras ideias, produzindo lembranças, convites e enfeites de mesas. Nesta mesma época conheci o GBA (Grupo Balonismo Artístico) e comecei a inventar coisinhas de balões e me apaixonei. Fiquei amiga de vários profissionais de renome que com a maior paciência do universo me ensinaram muito do sei hoje e a eles serei grata eternamente: Eduardo Seiti, Regina dos Anjos, Luiz Carlos, Dante, Etsu e muitos outros que fui conhecendo depois... Após muitos anos de GBA participamos pela primeira vez de um evento da área de balões em Curitiba, o Ideias Gigantes, e neste dia eu tive certeza que estava no caminho certo pelo carinho que recebi de colegas da profissão e daqueles meus ídolos que antes eu só conhecia virtualmente.
Neste meio tempo, minha mãe fez uma cirurgia e afastou-se definitivamente da loja e a equipe foi crescendo cada vez mais. Primeiro com amigos que generosamente iam nos ajudar em seus dias de folga, até o atual marido da minha irmã nos ajudou uma época... Alguns anos depois, meu amado pai ficou doente e como não tínhamos mais nenhum amigo disponível (risos) precisamos realmente contratar pessoas "de fora". Pra mim essa é a parte mais difícil do negócio, gerenciar pessoas... Enquanto o trabalho é familiar é de um jeito mas quando você precisa profissionalizar a equipe os custos triplicam e a dor de cabeça segue o mesmo passo até você conseguir montar uma equipe de confiança e comprometida que hoje temos, graças à Deus.
Então, para quem quer começar o próprio negócio, aconselho fazer pesquisas de mercado, vendo se a sua cidade comporta realmente o seu empreendimento. Fazer um cálculo de quanto vai precisar faturar para bancar todos os custos, fixos e flutuantes inerentes ao negócio (o Sebrae tem curso on line desse assunto). Fazer um apanhado de custo de produção de festas, valor de locação, capital de giro, etc.Visitar feiras e cursos da área. Enfim, reunir a maior quantidade de informações possíveis antes de tomar uma decisão.
Agora, o principal de tudo, você precisa gostar, amar, ser apaixonada e meio DOIDA. Por que quem na face da Terra vai gostar de passar o sábado no meio do pó de balão? Com o cabelo duro de tanta poeira, um calor de assar frango, subindo e descendo escada, carregando peso, comendo sanduba no almoço.... Além disso, é muito, muito difícil ser a única da família nesta área. Sem o apoio total e incondicional do marido/namorado/companheiro é IMPOSSÍVEL. Na minha singela opinião. A pressão da família e amigos é absurda: "Como assim você não vai ao meu noivado às 13h no sábado?" Não adianta mentir pra vocês. As pessoas não vão entender!
Financeiramente, é um trabalho viável. Mas não conheço ninguém que tenha ficado rico com festas (deve existir alguém, mas eu desconheço). Se você for um bom administrador, dá lucro. Mas a concorrência é feita de 90% de pessoas que não leram aquele capítulo sobre a "Viabilidade Financeira" e vão praticar preços que você jamais conseguirá cobrir. Ou, se cobrir, poderá ser um tiro no próprio pé. Ética então, vale ouro, é difícil encontrar por aqui. É um querendo engolir o outro. Mais uma triste verdade no mundo encantado das festas infantis. Incoerente não é?
Bom, então resumindo... eu, minha irmã e meu marido vivemos de festas, a Sonho de Criança dá emprego direto e formal a 3 funcionários fixos e indiretamente contribui para o sustento de muitas outras pessoas envolvidas. Sou completamente louca por festas, não sei viver sem isso e sou feliz!
Se você sofre da mesma doideira que a minha, bóra pro clubinho!
Se você já é doida e decoradora, conta sua história pra nós. É só comentar!!!!
Bjão,
Mary